Não me recordo exatamente a data, mas lembro que era início de maio. Há quase dois meses eu tinha iniciado o meu quinto semestre estudando na melhor escola de economia do país e estagiava em um dos braços do Departamento de Estado Americano voltado para assuntos educacionais, do Consulado Norte-Americano no Brasil, a Comissão Fulbright. Em tarde banal enquanto revisava alguns formulários no trabalho, recebi a ligação que, naquele momento, me pareceu ser o presságio da minha mudança de vida. Do outro lado da linha, uma simpática gestora de RH me convidava para fazer uma entrevista de estágio. Não era uma empresa qualquer, era a Vale.
Alguns dias depois, me vi sentado frente ao gerente de suprimentos com quem conversei durante alguns minutos. Na conversa – no mais tradicional estilo corporativista – ele dizia: “Precisamos de gente que esteja interessada em aprender e que mostre resultados.” Eu sinalizava com a cabeça que estava compreendendo cada sílaba do que ele dizia. “Precisamos de gente que queria estar no sétimo quadrante. Você sabe o que é o setimo quadrante?”. Respondi que não. Puxou um papel e uma caneta e desenhou o seguinte gráfico:
“O eixo x representa o talento, o eixo y representa a dedicação". Eu olhava interessado. “Queremos ajudar quem achamos que não só vai dar o sangue por essa companhia, e também não só aqueles que têm apenas talento, mas quem busca as duas coisas, juntas, em equilibrio. O sétimo quadrante é o quadrante daqueles que são talentosos e dedicados, dos que fazem acontecer”. Naquele momento eu quis ser um sétimo quadrante. Quis entrar para o time da Vale mais do que para qualquer outro time. Respondi que eu era essa pessoa que eles procuravam.
A idéia d’O Sétimo Quadrante fixou-se de tal maneira em minha cabeça que pensava nisso quase como um mantra. Pensava nisso antes de dormir, durante o banho. Desenhava o gráfico no canto dos cadernos. Virou até status do Messenger. Tornou-se meu norte.
Algumas semanas depois eu fui chamado para trabalhar com eles e lá estou desde então. Em seis meses, aprendi muito sobre suprimentos estratégicos, sobre commodities, sobre navegação, fretamento. Falei inglês com americanos e indianos – espanhol com colombianos e peruanos. Aprendi sobre hierarquia. Mas o mais importante de todos os aprendizados que tive por lá foi a questionar-me sobre os eixos do gráfico. Seria dedicação e talento o best fit para a os eixos da minha vida?
Continuo pensando. Não só não cheguei a conclusão alguma, como cada vez mais surgem tantas outras perguntas, outros questionamentos. Esse blog é parte da minha evolução nesse assunto. Em que águas o meu barco irá navegar é impossível dizer. Mas eu continuo remando. Porque o mais importante é movimento.